
Muito mais que um modismo, consumir moda de forma mais consciente e sustentável é necessário.
Pois o rastro de lixo deixado pelas cadeias de fast fashion tem causado muitos estragos.
Por exemplo, essa semana uma notícia mostrou que o deserto do Atacama abriga um lixão tóxico de moda descartável.
Essas peças são provenientes da cadeia de fast fashion.
Formam-se verdadeiras montanhas de lixo, com roupas enterradas no solo.
Mas o problema vai além do monturo, pois essas peças podem liberar poluentes no ar.
Por que são muitos os produtos químicos utilizados tanto no tingimento de roupas quanto na fabricação dos tecidos sintéticos.
Consumismo, acúmulo e descarte
Essa cultura do consumo, ostentação, acúmulo e descarte tem consumido de forma massiva nossos recursos naturais.
Além disso, tem gerado poluição ambiental e precarização do trabalho.
Por isso, uma moda consciente e sustentável é mais que uma questão de preservação do meio ambiente, é uma questão de preservar pessoas.
Mas o que é moda consciente?
Quando falamos em moda consciente, do ponto de vista do consumidor, referimo-nos à aquisição de itens de maior qualidade, com respeito ao meio ambiente e às questões sociais.
Por exemplo, não pode haver trabalho escravo envolvido na produção das peças.
Os tecidos precisam ser de alta qualidade, com prioridade para os mais duráveis.
Mas também há preocupação com o meio ambiente, o que faz com que esses consumidores optem por produtos cujo impacto negativo seja o menor possível.
O consumidor quer saber quem fez suas roupas e como foram feitas.
O descarte do que não se usa mais também é feito de forma responsável.
Pois roupa não foi foi feita para ser descartável e ser jogada no lixo.
E a moda sustentável?
A moda sustentável se preocupa com os processos de produção das peças no sentido de que estes minimizem os impactos ambientais.
Sendo assim, tais processos devem gastar menos água e gerar menos resíduos, por exemplo.
A opção por corantes naturais e tecidos menos poluentes também é um indicador de moda sustentável.
O uso de tecidos provenientes de reciclagem, além de tecidos de refugos, são práticas mais sustentáveis.
Pequenos negócios como a MilaMar Moda são um exemplo de moda tanto consciente quanto sustentável, que se preocupa não apenas com o meio ambiente, mas com pessoas.
A origem do consumo excessivo
O consumo excessivo advém da inserção acelerada de novidades no mercado e da obsolescência programadas desses itens.
No caso da moda, são cerca de 50 coleções anuais a depender da rede de varejo.
Como a qualidade da maioria dos produtos é baixa e o preço reduzido, usa-se pouco, descarta-se mais e se compra em maior quantidade.
Isso alimenta um ciclo de consumo que gera lixo, desperdícios de recursos naturais e desequilíbrio ambiental.
Consumir menos, escolher bem nossas peças e cuidar bem do que já possuímos é essencial para vivenciar essa moda consciente e sustentável.
Mas não basta comprar menos e sim comprar com sabedoria.
Para isso, pautar-se antes na necessidade do que no desejo indispensável para ajudar a minorar as consequências nocivas desse mercado.
Porque tal mercado não mudará sua postura se quem consome também não fizer algumas concessões.
Seria a culpa do consumidor?

Não podemos colocar a culpa apenas no consumidor ou ainda condenar por inteiro a moda rápida.
Calma, não estou a defendê-la. Mas é precisar olhá-la por outras lentes também.
Para alguns, ela é a única alternativa para se vestir de forma socialmente aceitável.
Isso porque roupas de alta qualidade custam caro e nem todos dispõem de recursos para pagar por elas.
Alguns itens de ótima qualidade custam o equivalente à metade de um salário mínimo.
Realmente não é para todos.
Mas as pessoas precisam se vestir e gostam de novidades. Não querem ficar obsoletas.
Ninguém quer ser ultrapassado
A moda rápida vem preencher essa lacuna, porém o faz de forma insalubre e desonesta.
Produz em demasia, rápido e instiga à compra por impulso.
O produtos são associados a personalidades de sucesso e celebridades
E isso desperta o desejo pela compra.
Pois é como se possuir tais itens aproximasse quem os usa daqueles que admira.
O consumidor não pode comprar um item da grife X, mas pode adquirir a réplica.
Ou ainda pode financiar o item de luxo para se sentir importante, mesmo não podendo pagar por ele.
Mas é importante ressaltar que preço alto nem sempre é garantia de qualidade.
Pois há muitas peças de marcas famosas confeccionadas em materiais inferiores.
Contudo quem se importa? O mais importante para alguns é consumir, ostentar nas redes sociais e descartar em nome da próxima novidade.
As várias faces do fast fashion
Temos variadas formas de Fast fashion, desde as grande varejistas de moda até às feiras de rua.
Ambas comercializam itens de vestuário dos quais, alguns, você só conseguirá usar pouquíssimas vezes antes de descartar.
Enquanto houver esse estímulo extremo ao consumo, acompanhando de uma oferta demasiada de produtos, haverá pessoas para consumirem.
A maioria das vezes, tais pessoas não refletem sobre o próprio consumo.
Elas apenas seguem o fluxo, as tendências, o que estiver a ser ditado pelo mercado como desejável.
E assim consumidores passam a ser consumidos pelo desejo de ter e ostentar quando deveriam investigar mais sobre quem são de verdade.
O que fazer para não se tornar refém de tudo isso?
A frase conhecida do livro “Alice no País das Maravilhas” é sempre necessária:
” Se você não sabe para onde vai qualquer caminho serve”
Parafraseando-a : “Se você não se conhece, qualquer moda serve”
Isso é um convite ao consumo desenfreado, pois se estiver na moda é palatável.
Para sair desse ciclo, eis algumas sugestões:
- Conheça-se! Investigue seus gostos, seu estilo;
- Compre com propósito, não consuma por impulso, analise cada item candidato à compra com cuidado;
- Explore o máximo de combinações possíveis com o que você já possui antes de comprar algo novo.
Inspire-se e pratique uma moda mais minimalista no seu dia a dia.
Leia Moda Minimalista: como ter um guarda-roupa equilibrado em um mundo de excessos.
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