O objetivo de praticamente todas as conversas é a compreensão e não importa entre quem ocorra, o que mais se busca é ser compreendido, é ser ouvido, mas não é o que sempre acontece. Quem nunca ficou sem conseguir falar em uma conversa porque umas das pessoas monopolizava toda a comunicação?
Eu já passei por muitas situações assim e uma delas foi semana passada. Eu queria tanto ser ouvida, mas não me deixaram terminar o que eu tinha começado a dizer e de cara uma das pessoas que estava na roda de conversa interrompeu a minha fala de forma abrupta e me deixou literalmente no vácuo, conversando com uma outra pessoa que estava no círculo, sendo que simplesmente nem notou que me deixou de fora e parecia até que a minha presença estava sendo ignorada.
Eu mantive a calma. Esperei , Fiquei ouvindo as outras duas pessoas conversarem, prestei atenção. Quando pararam de falar retomei aquilo que tinha sido interrompido e ficou tudo bem. Fui ouvida e ouvi.
Uma lição aprendida
Tirei uma lição de tudo isso. A gente vai ser ouvido quando aprender a ouvir. Eu fiquei pacientemente ouvindo os que as outra pessoas estavam conversando, mesmo eu estando praticamente excluída da conversa.
Eu queria ser escutada e estava tão ansiosa para compartilhar coisas que acabei esquecendo que as outras pessoas também queriam falar.
Deveríamos tentar ouvir com a mesma intensidade que usamos quando estamos falando.
Ser excluído pode não parecer bom, mas…
Claro que há casos e casos e essa coisa de excluir sumariamente alguém da conversa é cruel, mas aprendi a conviver com essas crueldades não intencionais também e ficar ouvindo, ficar observando o comportamento das pessoas para melhor lidar com elas.
É dessa forma que nós aprendemos que nem tudo se diz a todos, pois há pessoas que não se interessam pelos mesmo s assuntos que nós e quando isso acontece ela vai procurar outra pessoa para conversar.
Um erro que atrapalha a comunicação
Um dos erros que cometemos , quando o assunto é comunicação, é tentar fazer a pessoa ouvir algo que não a interessa ao invés de buscar assuntos semelhantes para conversar.
Se queremos debater algum assunto e desejamos que haja continuidade e interação numa conversa devemos encontrar algo em comum ou alguém disposto e que conheça do assunto. É errado tentar doutrinar as pessoas em uma conversa, principalmente se as opiniões forem divergentes.
Se você não está num contexto formal de ensino, ministrando aulas , por exemplo, não queira monopolizar a conversa falando de todas as coisas maravilhosas que você está aprendendo do curso disso ou daquilo, a não ser que lhe perguntem sobre isso .
Lembre-se que as pessoas também desejam falar porque querem ser ouvidas e se você usar o tempo delas para enaltecer a si próprio e mostrar o quão admirável é você, elas vão te considerar o chato.
A boa comunicação é tão estimulante e torna tão difícil dormir depois quanto o café. Anne Morrow Lindberg
Deixe para conversar suas coisas acadêmicas quando alguém perguntar sobre elas. Compartilhe o seus conteúdos técnicos dentro do ambiente técnico. Saiba ser normal diante de pessoas que não tem o mesmo conhecimento que você. Converse besteira de vez em quando. Não queira que as pessoas não sintam prazer por estarem em sua presença.
Eu falava demais de mim
Eu já pequei muito nesse assunto quando fazia o curso de Fisioterapia. Estava tão empolgada que queria falar e falar. Até perceber que algumas pessoas não queriam me ouvir. Mas quando tiveram problemas e eu pude ajudá-las, souberam conversar.
Eu simplesmente aproveitei a oportunidade. Mas soube ficar calada, até porque tive que ouvir muitas palavras duras de pessoas que não queriam me ouvir.
Há um versículo na Bíblia que fala disso. Sobre a autopromoção, sobre o louvor sobre si mesmo. A orientação que Deus nos dá é que deixemos que falem bem de nós e não que busquemos a aprovação do outros tecendo elogios a nós mesmos:
Seja outra pessoa quem te elogie, e não a tua boca; um estranho e não tuas próprias palavras! Provérbios 27:2
A inteligência social
Acho bárbaro o conceito de inteligência social, que nada mais é que compreender, interagir e influenciar de forma positiva a vida das pessoas, mas nem todos desenvolvem essa inteligência. Uns por falta de vontade e outros porque não tem a tendência mesmo de a possuir.
Uma pessoa que tem essa competência sabe entender as pessoas numa roda de conversa, sabe ouvir, se comunicar, e a principal característica: sabe ter empatia com o seu próximo, isto é, ser atento aos sentimentos do outro e aberto ao diálogo.
Mas ter inteligência social não significa também não abrir a boca. Saber ouvir não significa estar o tempo todo calado, até porque alguém que nada fala pode não estar ouvindo o que os outros têm a dizer. Pode estar fechado no seu mundo ignorando todas as falas que estão sendo proferidas ao seu redor.
Ser inteligente socialmente é saber exatamente a hora de falar e a hora de ficar calado e saber usar na proporção adequada ouvidos e bocas, afinal temos duas entradas e apenas uma saída quando o assunto é comunicação.
Dicas par ser um bom ouvinte
A maioria das pessoas recorda apenas 15% do que ouve e isso nos faz chegar a uma conclusão : os bons ouvintes são joia rara. Para dominar a arte de ouvir, porque ouvir é sim uma arte e como vimos, quase em extinção, quero compartilhar com vocês algumas dicas extraídas do Livro “A ansiedade da Informação”, de Richard Saul
É um livro antigo, mas tão atual que fiquei de queixo caído quando comecei a ler. As dicas foram tiradas de um artigo escrito para o New York Times pela escritora Paula Ben, autora do livro ” Como trabalhar para uma patroa”.
1 – Você tem duas orelhas e uma boca. Lembre-se de usá-las mais ou menos nesta proporção;
2 – Não planeje sua resposta enquanto a outra a pessoa estiver falando;
3 – Esteja ciente de seus próprios preconceitos (todos nós temos) e faça um esforço consciente para sempre manter a sua objetividade;
4 – Mostre que você está ouvindo olhando nos olhos da outra pessoa, mesmo que tenha de tomar notas durante a conversa;
5 – Não interrompa nem tente concluir as frases de quem está falando por ele (isso é terrível e já fiz isso e também já provei do meu próprio veneno );
6 – Permita uma pausa depois que a pessoa terminou de falar em vez de atropelá-la com a sua resposta. Não tenha medo do silêncio; frequentemente é depois de uma pausa que as pessoas revelam a essência do que estão tentando dizer;
7 – Use a sua intuição para ler nas entrelinhas e perceber a linguagem não verbal. Considere o que não está sendo dito
A arte de ouvir
Eu ainda estou trabalhando essa arte e com esforço porque sou falante, amo falar, mas tenho aprendido da pior maneira possível a ficar calada e como tem sido proveitoso.
Agora, sempre que quero dizer algo eu medito, vale a pena ser dito? Vai acrescentar algo? Vai fazer com que tenham uma visão equivocada do que realmente sou? Vai edificar a vida de alguém? Vai solucionar alguma questão?
Se as respostas forem negativas prefiro ficar calado lendo um livro ou apenas só observando. Melhor coisa é ouvir do que falar, faça um teste e veja quantos aborrecimentos são evitados, quantos desentendimentos no trabalho, quantas visões erradas do que realmente você é.
Claro que como falei , dominar a arte de ouvir não significa ser um covarde, ou simplesmente calar-se para o mundo. É aquela medida equilibrada de saber quando deve se pronunciar e quando deve apenas ficar observando.
Palavra do dia: Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Tiago 1:19
Gabriele diz
Excelente post Dani, que possamos falar menos e ouvir mais!
Beijão!
Daniele Leite diz
Sempre Gabi, estou aprendendo na prática a excelência de ouvir!
Beijo!
Anna diz
Adorei e quero praticar + e +
Daniele Leite diz
Fico feliz que tenha gostado do post, Anna! eu tenho aprendido muito com o silêncio, isso tem me livrado de confusão rsrs Abraço!
RENAN BERNARDES DOS SANTOS diz
Boa noite ! Tem algum livro sobre o tema ?
Daniele Leite diz
Olá Renan, desconheço um livro que fale só sobre esse assunto. O único que tenho aqui e que menciona esse assunto é : “Eu e minha boca grande”, de Joyce Meyer “
vidal diz
o livro A ansiedade da Informação é da Paula Ben?
Daniele Leite diz
Não, o livro é de Richard Saul, mas ele cita em um capítulos a escritora Paula Ben. As dicas que compartilho aqui no post para dominar a arte de ouvir foram escritas por Richard Saul, mas baseadas no artigo da Paula Ben.
Aline Alencastro de Souza diz
Muito bom, adorei o post.
Daniele Leite diz
Que bom que gostou, Aline!
Ana Beatriz diz
Cheguei em casa muito chateada porque mais uma vez falei e mais e acabei colhendo os frutos amargos desse habito. Engracado que muitas vezes nao falamos nada errado e o que dizemos e ate relevante, como no meu caso, so que mesmo assim, nao era para ser dito, seja porque o outro nao queria ouvir, nao era da nossa conta, etc… Nao sei quantas vezes ja ensaiei falarmenos e fracassei… mas epois de ler o seu texto estou ate animada pra tentar novamente… obrigada…
Daniele Leite diz
Oi Ana, aos poucos vamos aprendendo. Demorei bastante a controlar melhor minhas palavras. Como você mesma disse, nem sempre falamos algo errado, mas , se a pessoa não estiver pronta para ouvir , magoa-se. Quantas vezes nós também já fomos magoadas por palavras dotas fora de tempo, não é mesmo? A questão é pedir para que Deus trabalhe em nosso coração.
Eu, ultimamente, tenho adotado um hábito: só respondo o que me perguntarem e de forma bem sucinta. Recentemente fui querer explicar demais e a pessoa se chateou, chateou-se pela própria pergunta que fez…vai entender né… então para evitar que eu me aborreça, é só, sim não, humrum …
Deixo para falar mesmo quando estou perto de gente de bem, que me conhece e não me julga… assim a gente vive mais feliz.
Abraço!