Vestida de mim… uma frase que eu abafei por alguns períodos da minha vida por conta de pressões sociais.
Mas foram períodos pontuais, graças a Deus. Ainda assim não menos confusos.
Eu queria me adequar, mas queria ser eu mesma. Não encontrava um meio-termo.
Acho ainda que meio-termo não seria a melhor expressão para definir isso. Pois o meu desejo era expressar mais de mim, mas sem desrespeitar o coletivo.
Afinal, contexto importa, somos lidas o tempo todo.
Ainda assim, isso não deve nos escravizar nem nos fazer sentir aquela culpa terrível por usar rasteira em um casamento.
Lembranças
Hoje, a poucos dias do encerramento de 2023, lembrei-me de quando fiz o curso de consultoria de imagem e da forma como fui vestida para o primeiro dia de aula… Isso faz alguns anos…
Antes, eu já costumava analisar o contexto de uso para escolher o que vestir, mas de forma intuitiva.
Por exemplo, se precisasse caminhar muito, eu não renunciava a um bom par de tênis para usar um salto.
E foi o que fiz para ir ao primeiro dia de aula.
Eu precisava estar em dois lugares ao mesmo tempo. Impossível. Tinha uma prova na faculdade no mesmo horário do curso e não era uma opção deixar de fazê-la.
Então, combinei com a professora do curso de consultoria de chegar um pouco mais tarde.
Quando eu cheguei para a aula, alguns olhares confusos e expressões faciais foram-me lançados.
Eu vestia um macacão verde militar, com botões até a cintura, blusinha branca por dentro e tênis branco. Bem informal.
Também pudera, eu vinha da faculdade, de uma prova importante. E tive que percorrer o campus correndo (literalmente) para poder chegar a tempo ao primeiro dia do curso.
Logo, escolhi uma roupa que me proporcionasse movimento.
Julgadas o tempo todo
Nós sabemos que somos julgadas pela forma como nos vestimos. Todo mundo faz isso.
Eu esperava algo parecido por estar tão informal, mas não esperava tanto.
Senti-me, como diz o ditado “um peixe fora d’água” incomodada, sabe? Até questionei, será que isso de consultora é realmente para mim?
Todo mundo estava chique demais e eu com cara de Maria do Bairro.
Mas eu não podia perder minha prova, nem queria perder a primeira aula do curso e usar salto e vestido não era uma opção.
Depois de me culpar e lamentar, dei um basta nisso e fui me concentrar no que de fato era importante.
Além da funcionalidade
Voltando à roupa…Às vezes só funcionalidade não basta.
Pois dependendo do ambiente, nós precisamos fazer aquela forcinha para uma leve adaptação.
Mas isso jamais pode nos reduzir à conformidade.
Porque não somos todos iguais.
Se o sentimento de inadequação é ruim por estarmos vestidas aquém do esperado, ele também é péssimo quando violamos nosso estilo, nossas predileções apenas para agradar e nos amoldar ao contexto.
O que eu mudaria na roupa do primeiro dia curso? Trocaria o macacão por um vestido, mas não tiraria meus tênis, meu cabelo preso. Eu retocaria a maquiagem antes de entrar, mas só.
Não vale ser outra pessoa a cada demanda.
Vestida de mim
Que em 2024 nós tenhamos mais coragem de nos vestirmos de nós mesmas.
Sejamos mais livres das pressões estéticas, comparações, consumismo, compras erradas… de tudo aquilo que atrapalha a verdadeira expressão do nosso estilo.
E que toda adaptação jamais nos anule.
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