
Era uma sexta-feira e eu estava realmente animada para um passeio, para sair um pouco de casa e então decidimos tomar um café.
O shopping estava vago, poucas pessoas circulando em uma sexta-feira à tarde e eu achei que seria ótimo.
E foi.
Contudo, não fomos só para tomar um café. Eu precisava comprar algumas coisas.
Fiz uma lista: Duas camisetas, um triturador de alimentos e uma anágua, aquela saia de vó que a gente usa por debaixo dos vestidos para evitar transparência.
Além disso, precisávamos também passar no mercado. E havia, logo, mais uma lista.
Fazemos assim para otimizar as saídas.
Entramos, ao todo, em quatro lojas, buscando os tais itens.
A livraria
Depois ainda fomos à livraria Leitura (dentro do shopping), a qual estava um caos. Cheia e bagunçada. Estavam arrumando os livros.
Não aguentamos ficar por lá.
Já na saída, eu falei para meu marido e minha mãe o seguinte:
– Eu gosto de sair, mas não vejo a hora de chegar em casa.
Eles concordaram totalmente. Também não viam a hora de chegar à casa.
Parece que “todo mundo da cidade” decidiu ir ao shopping naquele dia.
A minha cabeça já tinha começado a doer, e eu estava exausta.
Então saímos apressadamente. Teria sido melhor se houvesse menos gente, menos barulho, menos bagunça na livraria.
A sobrecarga sensorial
A sobrecarga sensorial no autismo ocorre quando somos submetidos ao excesso de estímulos.
E isso nos conduz à exaustão.
No dia seguinte à saída a conta do excesso de estímulos veio.
A dor de cabeça continuou.
Mas também tive vontade de chorar do nada, sem motivo aparente.
Antigamente, quando isso acontecia eu achava que estava com depressão.
Mas hoje sei que é sobrecarga.
Para aliviar a “bagagem” um dia relaxante com livros, menos redes sociais, ZERO acesso a aplicativo de mensagens e alguns episódios de Smallville ajudaram bastante.
Ademais, conversei com Deus. Desabafei. Sosseguei.
Equilíbristas
A vida de um autista é assim. Teos que aprender a ser omo equilibristas.
Se saímos em um dia e encontramos muita gente, precisamos desligar do mundo no dia seguinte.
A gente poupa aqui e acolá para poder conviver melhor e aproveitar a vida em um mundo que não foi feito para nós.
Vamos nos adaptando com muito esforço, e esse esforço nos sobrecarrega por vezes.
Não dá para mudar quem somos. Autismo não tem cura, também não tem cara.
Apoio, respeito e compreensão são fundamentais.
Não é frescura, é uma maneira de funcionar diferente.
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